"Bodhidharma, primeiro patriarca do Zen chinês, usava a via negativa para conduzir os seus discípulos ao despertar (l'éveil).
Eka (487-593) foi um dos seus discípulos.
Um dia, Bodhidharma estava sentado face ao muro. A neve caía com cada vez mais intensidade. Eka, que se mantinha de pé na neve, disse :
« Com sua licença, desejo ser vosso discípulo. »
Bodhidharma, imperturbável, não olhou para ele e continuou fazendo zazen. Então, Eka cortou seu braço para exprimir a sua determinação. E dirigiu-se a Bodhidharma :
« O espírito de vosso discípulo não está em paz, suplico-vos, mestre, que o pacifiqueis ! »
Bodhidharma respondeu :
« Trazei-me o vosso espírito, e eu o pacificarei.
- Procurei-o por todo o lado mas não consegui encontrá-lo;
finalmente ele é inalcansável », respondeu Eka.
Sobre o que o mestre disse : « Eis que já se pacificou. »
Bodhidharma posou enfim com atenção o seu olhar em Eka. Eka fez sanpaï (1)."
(1) San : três; paï : prosternação, fronte voltada para o solo, as palmas das mãos, de cada lado da cabeça, dirigidas para o céu.
Le Trésor du Zen, Op.cit, p.19.
Trad.:LBT.
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