quarta-feira, 30 de abril de 2008


Buda. Pintura de Luís Tavares.
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fotografia de pintura efémera: destruída algum tempo depois de realizada. Portanto, inexistente (?). Realizada em 2002 (+-). Téc.mista s/tela, 100x75cm (+-)
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Contemplación del cuerpo (kâyânupassanâ)
Atención a la respiración (ânâpânasati)
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"Y cómo, monges, permanece el monje contemplando el cuerpo en el cuerpo? Pues he aquí, monjes, que el monje va al bosque, o al pie de un árbol, o a un lugar solitario, se sienta con las piernas cruzadas, manteniendo el cuerpo erguido y fija la atención en torno a la boca. Atento aspira, atento espira. Al hacer una aspiración larga, sabe: "Hago una aspiración larga"; al hacer una espiración larga, sabe: "Hago una espiración larga". Al hacer una aspiración corta, sabe: "Hago una aspiración corta". Al hacer una espiración corta, sabe:" Hago una espiración corta". "Consciente de todo el cuerpo, aspiraré", así se ejercita. "Consciente de todo el cuerpo, espiraré", así se ejercita. "Calmando los procesos corporales, aspiraré", así se ejercita. "Calmando los procesos corporales, espiraré", así se ejercita.
Es, monjes, como quando un maestro tornero, o un un buen aprendiz de tornero, labra una voluta larga, y sabe: "Estoy labrando una voluta larga", o labra una voluta corta y sabe: "Estoy labrando una voluta corta". De la misma manera, monjes, el monje, al hacer una aspiración o espiración larga, sabe que es larga, al hacer una aspiración o espiración corta, sabe que es corta, y se ejercita a aspirar y espirar consciente de todo el cuerpo, y se ejercita a aspirar y espirar calmando los procesos corporales.
Así permanece praticando la contemplación del cuerpo en el cuerpo por dentro, por fuera, y por dentro y por fuera a la vez. Contempla el surgir de los fenómenos en el cuerpo, contempla el desvanecerse de los fenómenos en el cuerpo, y contempla la alternación del surgir y desvanecerse de los fenómenos en el cuerpo. Tiene conciencia de que "hay un cuerpo" en la medida necesaria para ejercer la atención y obtener el conocimiento. Permanece independiente, sin apegarse a nada en el mundo. Así, monjes, es como permanece el monje contemplando el cuerpo en el cuerpo."
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Nyânatiloka Mahâthera, La Palabra del Buda, Trad. Amadeo Solé-Leris (Asoka Dhammaviriya), Barcelona, Ediciones Indigo, 1991, p.78.


Elle a l'air démunie

quand elle nage

la grenouille

Haiku and Painting by Yosa Buson

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terça-feira, 29 de abril de 2008



































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"Tung-shan was a ninth-century Chinese master. One day when he was crossing a stream he saw his own reflection in it. He at once composed the following poem:



«Do not seek the truth from others:



Further and further he will retreat from



you.



Alone I go,



And I come across him wherever



I look.



He his no other than myself,



And yet I am not he.



When this is understood,



I am face to face with suchness (Tathata)»






Anne Bancroft, Zen, Thames and Hudson, p.75.
Nota: "Tathata" é um termo budista que quer dizer: «Naturalidade». Qualidade do que é da natureza de Buda: «Budeidade».

Imagem que figura no livro de Bancroft:: Tung-shan Crossing the stream, painting by Ma Yüan, China, 13th c. National Museum, Tokyo.


... es el murmullo de um eco...








Ese sonido secreto en nuestro interior
es el murmullo de un eco
originado en el mismo
anhelo que nacen
planetas, galaxias,
luminosidades…

Zambulléndose en él,
Anfitrión e Invitado,
conocedor y conocido,
el sabio y su sabiduría
desaparecen sin rastro, como si
nunca hubiesen existido.

Intenta seguir ese sonido, y
tu harás lo mismo
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Poema de Han Shan
http://www.tradicionperenne.com/budismo/CHAN/HANSHAN/hanshan.htm
http://www.paradis.star-forge.com/japanesehaiku.html









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sexta-feira, 25 de abril de 2008

Humbaba...



Humbaba. O vigilante dos bosques e dos cedros do Líbano.
Da antiquíssima, fabulosa, epopeia de Gilgamesh escrita na Babilónia há mais de 3 milénios...

" Humbaba", Téc.mista sobre madeira, 80x100cm+-, 2003.
Painting by Luís Tavares
Colecção do artista


(...)

"Quando desceram da montanha, Gilgamesh empunhou o machado e abateu o cedro. Quando Humbaba ouviu o ruído ao longe enfureceu-se e gritou: «Quem é este que violou os meus bosques e cortou o meu cedro?»Mas o glorioso Shamash gritou-lhes do céu: «Ide em frente, não tenhais medo.»Mas agora Gilgamesh estava dominado pela fraqueza, pois o sono tinha-se apoderado dele de repente, um profundo sono o dominava; jazia no chão, estendido e sem palavras, como num sonho. Quando Enkidu lhe tocou não se levantou, quando lhe falou não respondeu.

(...)

Por fim, Gilgamesh ouviu-o; vestiu a couraça, A voz dos Heróis, de trinta ciclos de peso. Envergou-a como se ela fosse roupa leve que tivesse trazido, e ela cobriu-o por inteiro. Fincou-se no chão como um touro que fareja a terra, e os seus dentes cerraram-se.

(...)

Então Enkidu, o fiel companheiro, respondendo-lhe, pediu:«Ó senhor, tu não conheces este monstro, e essa é a razão porque não tens medo. Eu, que o conheço estou apavorado. Os seus dentes são presas de um dragão, o seu aspecto é como o de um leão, corre à carga com a velocidade da inundação, um seu olhar esmaga as árvores da floresta como as canas de um pântano. Ó senhor, se assim o queres, podes seguir para essa terra, que eu voltarei para a cidade.

(...)

Mas Gilgamesh disse: «A imolação e o sacrifício não são ainda o que me cabe, a barca dos mortos não descerá, nem o pano de três dobras será cortado para o meu sudário. Não será já que o meu povo ficará desolado, nem que a fogueira se acenderá na minha casa, nem a minha morada será queimada pelo fogo. Dá-me hoje o teu auxílio, e tu terás o meu: que poderá interpor-se entre nós dois? (...) mas nós iremos em frente e fixaremos os nossos olhos nesse monstro. Se o teu coração tem medo atira fora o medo; se nele há terror, atira fora o terror. Pega no teu machado e ataca. O que deixa o combate inacabado não fica em paz.»Humbaba saiu da fortaleza de cedro. Então Enkidu gritou:«Ó Gilgamesh, lembra-te agora das tuas jactâncias em Uruk. Em frente, ataca, filho de Uruk, não há nada a temer.»Quando ouviu estas palavras, a sua coragem regressou; e respondeu:«Apressa-te, cai em cima dele, se o vigilante ali estiver, não deixes fugir para os bosques, onde desaparecerá. Ele vestiu o primeiro dos sete esplendores, mas não ainda os outros seis; apanhêmo-lo antes que esteja armado.»
Como um touro selvagem em fúria, farejou o chão; o vigilante dos bosques virou-se cheio de ameaças, e gritou. Humbaba veio da sua fortaleza de cedro. Balançou a cabeça e sacudiu-a, ameaçando Gilgamesh; e nele fixou o seu olhar, olhar da morte. Então Gilgamesh chamou Shamash, e as suas lágrimas corriam:« Ó glorioso Shamash, eu segui o caminho que tu ordenaste, mas agora, se não enviares socorro, como escaparei?»O glorioso Shamash ouviu a sua oração e convocou o grande vento, o vento do norte, o turbilhão, a tormenta e o vento gelado, a tempestade e o vento que queima, eles vieram como dragões, como um fogo ardente, como uma serpente que gela o coração, como uma inundação destruidora e a forquilha do relâmpago. Os oito ventos ergueram-se contra Humbaba, bateram contra os seus olhos; ele estava imobilizado, incapaz de avançar ou recuar.

(...)

Abateram sete cedros, cortaram e amarraram os cedros e estenderam-nos no sopé da montanha, e sete vezes Humbaba foi humilhado na sua glória. Ao declinar a sétima chama, chegaram à sua toca. Ele bateu na coxa em sinal de escárnio. Aproximou-se como um nobre touro selvagem laçado na montanha, como um guerreiro de cotovelos amarrados. As lágrimas caíram-lhe dos olhos e estava pálido.«Gilgamesh, quero falar. Nunca conheci mãe, não, nem um pai que me criasse. Nasci da montanha, ela me criou, e Enlil fez de mim o guarda da floresta. Deixa-me ir em liberdade, Gilgamesh, e serei teu servo, e tu serás o meu senhor. Todas as árvores da floresta que eu guardei na montanha serão tuas. Eu as cortarei e te construirei um palácio.»Pegou-lhe pela mão e levou-o a sua casa, e por isto o coração de Gilgamesh estava movido de compaixão. Jurou pela vida celestial, pela vida terrena, pelo próprio mundo inferior:«Ó Enkidu, não deveria o pássaro apanhado numa armadilha regressar ao ninho, e não deveria o homem cativo regressar aos braços de sua mãe?»Respondeu Enkidu:«O mais forte dos homens será derrubado pelo destino se não tiver entendimento.

(...)

Ele obstruirá a estrada da montanha contra ti e tornará impraticáveis os caminhos.»

(...)

Mas Gilgamesh disse:«Se lhe tocarmos, o esplendor e a glória da luz extinguir-se-ão confundidos, a glória e o encanto desaparecerão, os seus raios haverão de apagar-se! Disse então Enkidu a Gilgamesh:«Não será assim, meu amigo. primeiro apanha o pássaro;

(...)

Gilgamesh ouviu a palavra do seu companheiro, empunhou o machado, tirou a espada da cinta e atingiu Humbaba com uma espadeirada no pescoço, e Enkidu, seu companheiro, vibrou o segundo golpe. Ao terceiro golpe Humbaba caiu. Então seguiu-se a confusão porque era o guarda da floresta que eles tinham deitado por terra.

(...)

Eles atacaram os cedros e os sete esplendores de Humbaba extinguiram-se.

(...)

Colocaram Humbaba diante dos deuses, diante de Enlil; beijaram o chão e baixaram o sudário, e colocaram-lhe a cabeça diante dele. Quando viu a cabeça de Humbaba, Enlil virou-se contra eles.«Porque fizestes isso? Que desde agora o fogo arda nas vossas faces e coma o pão que comerdes, e beba onde vós beberdes.»Então Enlil tornou a pegar na chama e nos sete esplendores que tinham sido de Humbaba: deu o primeiro ao rio, e concedeu dois ao leão, à pedra da execração, à montanha e à temida filha da Rainha do Inferno.Ó Gilgamesh, rei e conquistador da temível chama, touro selvagem que saqueia a montanha e atravessa o mar; glória a ele! E dos bravos a maior gloria é de Enki!"


Do livro "Gilgamesh", Versão de Pedro Tamen do texto inglês de N. K. Sandars, Lisboa, Vega, 1989, pp.33 e sgs.

quinta-feira, 24 de abril de 2008



«Realismo Pictural de uma Camponesa a Duas Dimensões (geralmente chamado «Quadrado Vermelho)», Óleo sobre tela, 53x53cm, 1915
Sampetersburgo, Museu Russo.
"Como nota Serge Fauchereau: «Além do rico simbolismo da sua cor (sobretudo na Rússia revolucionária) é preciso ter em conta um facto que a simples tradução de Quadrado Vermelho ignora; é que na língua russa, vermelho e belo representam-se por meio de uma única e mesma palavra. (A Praça Vermelha de Moscovo já tinha esse nome muito antes da época revolucionária, porque era a mais bela praça da cidade.)» Para Malevitch, o Quadrado Vermelho é também o Quadrado Belo, e na sua iconologia pessoal, a Camponesa em Duas Dimensões, aparece em todo o seu esplendor."
in Néret, G., Malevitch, Taschen, 2002, p.51.
http://aartemodernaeantesedepoisdois.blogspot.com/2006/05/malevich-em-atraso-textos_18.html

quarta-feira, 23 de abril de 2008



intervalo
An old pond. Ah!
A frog jumps in.
The splash of water.

Como estabelecer a ponte?


Já-passou-um-segundo...
"Pu-tei", the god of good fortune.
By Gibon Sengai.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

The still pond, ah!
A frog jumps in:
The water's sound!


Matsuo Basho (1641-94)

domingo, 20 de abril de 2008

A happy Zen lunatic monk...


"Kanzan (Han Shan)"
"He was a happy lunatic monk of the Tang Dynasty, who was also a renowned Ch'an (Zen) poet."
Anne Bancroft, Zen, Thames and Hudson, p.85.
Tinta sobre papel, 60x70cm, 2001.
Kanzan (Han-sha). Desenho de Luís de Barreiros Tavares.
Colecção privada.

by Sengai

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Imemorial X. A incógnita do tempo.

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maximizar


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Téc. mista s/tela, 90x130cm (+-), 1999. Alguns decalques ou relevées pintados a partir de gravuras de Foz Côa. foi usado giz, argila, pigmento azul ultramarino e tintas acrílicas.

Pintura inexistente (?). Após uma tempestade exterior a obra foi destruída (?) num dilúvio laboratorial.

Pintura de Luís de Barreiros Tavares.


O Sopro (Atharva Veda 11.4)

Homenagem ao Sopro ! Sob seu controlo está este universo.
Ele é o mestre de todas as coisas.
Tudo nele tem as suas fundações.

Homenagem, Oh Sopro, ao teu clamor,
homenagem ao teu trovão !
Homenagem, Oh Sopro, ao teu relâmpago,
homenagem a ti, Sopro, quando choras !

Quando o Sopro com o seu trovão
atravessa as plantas rugindo,
estas são fecundadas, recebem os germes de vida,
e renascem em grande número.

Quando, é chegada a estação, o Sopro
atravessa as plantas rugindo,
então regozijam-se todas as coisas
que estão à superfície da terra.

Quando o Sopro alaga
com sua chuva a vasta terra,
então os animais se regozijam:
«haverá abundância para nós» pensam eles.

Penetradas pela chuva, as plantas
trocam de falas com o Sopro:
«Tu prolongaste a nossa duração de vida,
tornaste-nos todas perfumadas.»

Homenagem te seja feita quando vens,
homenagem te seja feita quando vais,
homenagem a ti quanto te ergues,
homenagem a ti, enfim, quando assentas !

Homenagem a ti, Sopro, quando respiras,
homenagem te seja feita quando inspiras,
homenagem a ti quando te afastas,
homenagem a ti quando te abeiras !
Esta homenagem é para o todo de ti.

O corpo amado que é o teu, Oh Sopro,
o corpo mais amado que é o teu, Oh Sopro,
e o remédio que a ti pertence
perscreve-no-lo para que vivamos !

O Sopro reveste os seres
como o pai reveste o seu filho amado,
o Sopro é mestre de todas as coisas,
do que respira e do que não respira.

O Sopro é a morte, o Sopro é a febre,
os Deuses reconhecem o Sopro por tal.
É o sopro que dispõe no mundo
supremo o ser que profere a verdade.

O Sopro é Viraj, o Sopro é Destri :
todos reconhecem o sopro enquanto tal.
O Sopro é o sol, ele é a lua.
É dito também que o Sopro é Prajapati.

A expiração e a inspiração são o arroz e a cevada.
O Sopro é tido por Animal de tiro.
A expiração encontra-se situada na cevada,
a inspiração é denominada arroz.

O homem inspira, o homem expira,
estando ainda na matriz.
Desde que o animes, Oh Sopro,
ele sucede em nascimento.

O Sopro é, diz-se, Matarisvan,
o Sopro chama-se Vento.
No sopro reside o que foi e o que será.
No Sopro todas as coisas têm o seu assento.

Filhas dos Atharvan, bem como dos Angiras,
divinas ou bem nascidas do homem,
as plantas tomam nascimento,
vegetais quaisquer que sejam.

Aquele que de ti é disso ciente, Oh Sopro,
aquele em que tens os teus fundamentos,
todos lhe levarão o seu tributo,
que eles levem assim o seu tributo
Áquele que te escuta, a ti que escutamos com fruto !


(Atharva Veda 11.4)

In: Le Veda, Textes réunis, traduits et présentés
sous la direction de Jean Varenne, Paris, Les Deux Océans, 1984, p.344.
No capítulo: Hymnes, Spéculations.

Tradução-Versão: Luís de Barreiros Tavares

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Je ne sais pas..... Daruma (Bodhidharma)

Desenho de Hakuin

"L'empereur Wu est un bouddhiste fervent. Bodhidharma se rend à la capitale pour le rencontrer.

«J'ai construit de nombreux temples, fait recopier des sutras et aidé un nombre incalculable de moines, dit l'empereur. Quels mérites puis-je en espérer?
- Aucun mérite, répond Bodhidharma.
- Mais quelle est la sainte vérité?
- Un vide insondable et rien de sacré.
- Alors, qui est en face de moi?
- Je ne sais pas.»

Et Bodhidharma partit de la capitale."

Pierre Crépon, Les Feurs de Bouddha, Albin Michel, 1991.


A parada "Oriente/Ocidente"?



Escultura readymade. Fountain. Ou: «Urinol Invertido». 1917.


Marcel Duchamp

Há teóricos que estabelecem paralelos entre esta «imagem» (?) e a do Buda. Mas também, se não me engano, entre ela e um ícone bizantino, por exemplo. Ou até mesmo com a «Nossa Senhora».
Fountain foi uma 'blague' no início do século XX. E as blagues sucedem-se... Ah! Se não fossem elas...

terça-feira, 8 de abril de 2008

Thich Nhat Hanh (Vietnam)



Sutra Anuradha

“Tathaghata quer dizer «aquele que chegou assim» ou «aquele que partiu assim».

No Sutra Anuradha, o Buda responde a uma questão que causava perplexidade a muitos monges: «Que acontece ao Tathagatha depois da morte? Continuará ele a existir? Cessará ele de existir? Continuará, ele, e cessará, ao mesmo tempo, de existir? Não continuará e não cessará, ele, ao mesmo tempo, de existir?»

O Buda perguntou a Anuradha: «Que pensais acerca do seguinte? O Tathagatha poderá ser reconhecido através da forma?
-Não, mestre.
-O Tathagatha pode ser reconhecido no exterior da forma?
-Não, mestre.
-O Tathagatha poderá ser reconhecido através do sentimento, da percepção, das formas mentais, ou da Plena Consciência?
-Não mestre.
-Anuradha, uma vez que não encontrais o próprio Tathaghata nesta vida, porque razão querereis resolver o problema de saber se continuarei ou cessarei de existir, ou se continuarei e se cessarei de existir, ao mesmo tempo, ou se, ao mesmo tempo, não continuarei e não cessarei de existir?(1)»

“Robert Oppenheimer, o físico conhecido como o pai da primeira bomba atómica, teve a oportunidade de ler esta parte do Sutra Anuradha. Graças às suas observações sobre as partículas ele compreendeu que elas não poderiam ser limitadas pelos conceitos de espaço, de tempo, de ser, de não-ser. Veio a escrever: «Para o que aparece como sendo as questões mais simples, temos tendência, ao mesmo tempo, a não lhes dar resposta e a dar uma resposta que faria à primeira vista pensar num estranho catecismo como o são as afirmações peremptórias das ciências físicas. Se nos perguntamos, por exemplo, se a posição do electrão permanece a mesma, somos forçados a responder «não»; se nos perguntamos se a posição do electrão muda com o tempo, seremos forçados a responder «não»; se nos perguntamos se o electrão se encontra em repouso, somos forçados a responder «não»; se nos perguntamos se ele está em movimento, somos forçados a responder «não»(2).

Como vemos , a linguagem da ciência começou a aproximar-se da do budismo. Após ter lido a citação que apresentámos, retirada do Sutra Anuradha, Oppenheimer declarou que, até ao século XX, os cientistas não haviam sido capazes de compreender as respostas de Buda realizadas há dois mil e quinhentos anos.”

1. Anuradha Soutra (Samyutta Nikaya,XLIV,2)
2. J.Robert Oppenheimer, Science and Common Understanding (New York: Simon and Schuster, 1954), p.40. Trad.fr. La Science et le bon sens, Gallimard, 1963.


Thich Nhat Hanh, La Vision Profonde, De la Pleine Conscience à la Contemplation Intérieure, Traduit de l'anglais par Philippe Kerforne, Paris, Albin Michel, col. Spiritualités Vivantes,1995, p.145.

Versão-Tradução para Português: Luís de Barreiros Tavares.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Meditação





S/título. Téc.mista s/tela, 50x60cm,2001

Autor:L.B.T.

Colecção privada. Cláudio Boino.

http://www.meialivraria.blogspot.com

quarta-feira, 2 de abril de 2008



Quadrângulo Negro. Ou quadrado negro sobre fundo branco (1915).

Malévitch chamava ao fundo branco "escarros em movimento".




Kasimir Malévitch

http://www.abcgallery.com/M/malevich/malevich95.jpg



«A Terra está está abandonada como uma casa que as térmitas roeram de lado a lado… - escreve ele em 1916. - A superfície plana suspensa da cor pictórica sobre o pano da tela branca dá imediatamente à nossa consciência a forte sensação do espaço. Sinto-me transportado por um deserto abissal onde se sentem os pontos criadores do universo à nossa volta… Aqui (sobre as superfícies planas), consegue-se obter a corrente do próprio do movimento como pelo contacto de um fio eléctrico…»

Kasimir Malévitch
In Gilles Néret, Malévitch, Taschen,p.56