"O «corpo próprio» que a fenomenologia erigiu em conceito, é um produto do Ocidente - não é o que quer dizer o Caledónio cristianizado ao qual o missionário Leenhardt perguntava: «Em suma, é a noção de espírito que nós trouxemos para o vosso pensamento?» e que respondia: «O espírito? Oh! Vós não nos trouxestes o espírito. Já conhecíamos a existência do espírito. (...) O que vós nos trouxestes foi o corpo.» A singularidade do «indivíduo» não é a de um eu com corpo distinto - com os seus orgãos, a sua pele, a sua afectividade, os seus pensamentos separados do resto da comunidade - mas sim a de um corpo em comunicação com toda a natureza e toda a cultura e tanto mais singular que se deixa atravessar pelo maior número de forças sociais e naturais.».
In: Gil, J., As Metamorfoses do Corpo, Lisboa, Rel. D'água, 1997,p.58.
In: Gil, J., As Metamorfoses do Corpo, Lisboa, Rel. D'água, 1997,p.58.
Sem comentários:
Enviar um comentário