sexta-feira, 5 de setembro de 2008

" Segundo um determinado ponto de vista, todos os princípios célebres do Zen expressam-se por meio de um puro absurdo. Por exemplo, o Zen diz:

Com as mãos vazias, tenho entre elas um canivete,
Caminho a pé, porém cavalgo nos lombos de um boi,
e, ao passar sobre a ponte, eis que
não é a água que flui, mas sim a própria ponte.

Este texto, que se coloca em aparência como todo um tecido de contradições flagrantes, é pleno de sentido segundo as coordenadas do Zen. Efectivamente, dizer num contexto Zen: " Tenho as mãos vazias e um canivete entre elas; caminho, mas cavalgo um boi; a água permanece quieta, enquanto a ponte flui" tem muito mais sentido que afirmar: " Não tenho as mãos vazias, uma vez que sustenho entre elas um canivete; caminho, logo não cavalgo sobre um boi; o rio flui enquanto a ponte permanece imóvel". Como e assente em que bases se pode afirmar que este tipo de enunciado absurdo se encontra pleno de sentido no Zen?


(...)"

Toshihiko Izutsu, El Kôan Zen (Op.cit.), p.19.
Trad.:lt.

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