sexta-feira, 5 de setembro de 2008

"Chü Chih foi um célebre mestre do século IX. De cada vez que se lhe colocava uma questão sobre o zen, tinha o costume de levantar um dedo. Essa era a sua invariável resposta.
(...)
A anedota tem uma continuação de enorme importância.
O mestre Chü Chih tinha um jovem discípulo, um aprendiz que seguia o mestre e o servia constantemente. Havendo observado o seu comportamento, o moço começou por sua vez a levantar o dedo quando, na ausência do mestre, lhe era colocada uma questão sobre o Zen. Ao princípio, o mestre não se deu conta e as coisas corriam como era hábito. Porém, chegou o momento fatal quando se apercebeu do que o gaiato fazia nas suas costas.
Assim, um dia, escondendo um canivete na sua manga, chamou o discípulo e disse-lhe: "Inteirei-me de que compreendeste a essência do budismo. É correcto?" É exacto", respondeu o rapaz. Perguntou então o mestre: "Que é o Buda?". E o moço respondeu, de pronto, levantando um dedo. Chü Chi agarrou-o e cortou-o. E, quando o discípulo desatou a correr uivando de dor, o mestre tornou a chamá-lo e a sua pergunta estalou como um relâmpago: "Que é o Buda?". E o cachopo, obedecendo a uma espécie de reflexo, logo levantou o dedo cortado. E nesse preciso momento alcançou a iluminação. Esta anedota revela possivelmente um acontecimento fictício. Todavia, inventado ou real, não deixa por isso mesmo de ser uma admirável dramatização do que poderíamos chamar a experiência Zen."
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Toshihiko Izutsu, Op.cit., p.18.
Tradução de L.T.

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