"Esta técnica particular de dissolução da visualização, que constitui uma ponte entre os aspectos formais e informais da meditação, é um elemento dominante da caminhada tântrica. Esta ponte entre a forma e o sem-forma pode ser experimentada de maneiras diversas segundo a perspicácia do praticante. No plano último, não experimentamos mais a existência de um intervalo entre forma e sem-forma. Nesse momento, se meditamos sobre uma forma, fazemos também a experiência do sem-forma mas enquanto forma vazia, união da forma e da vacuidade. Forma e sem-forma estão simultaneamente presentes e uma fase de dissolução agindo como ponte de uma à outra não é necessária.
Todavia, a ponte pode ser estabelecida muito rapidamente mesmo por alguém que tenha capacidades pouco desenvolvidas. Tal pessoa poderá empregar uma técnica muito particular na qual meditamos sobre uma forma dada. Por exemplo, visualizamo-nos a nós mesmos e todos os seres enquanto divindades e o mundo exterior integral enquanto reino de pura experiência. Dissolvemos instantaneamente a forma da visualização e encontramo-nos num estado informal.
Nesta técnica, há assim um intervalo vazio, há uma diferença entre um estado e o outro, mas a passagem de um a outro pode ser efectuada ou muito rapidamente, ou muito suavemente. Alguém que se inicia na prática não tem evidentemente de imediato a livre disposição deste tipo de destreza de espírito, de tal maneira que a dissolução gradual constitui no tantra uma técnica muito profunda para aclimatar o espírito à passagem de um estado de experiência ao outro, de um estado formal a um estado informal."
Kalou Rinpotche, Instructions Fondamentales, introduction au boudhisme Vajrayana, Trad. Françoise Bonardel, Paris, Albin Michel, col. spiritualités vivantes, 1990, p.217.
terça-feira, 25 de março de 2008
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