segunda-feira, 30 de junho de 2008
maximize.
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"O melhor é a água. O ouro, fogo ardente,
sobressai na noite e excede a riqueza exaltadora de homens.
Se prémios cantar
desejas, meu coração,
não olhes para outro astro mais incandescente
que o sol a brilhar de dia no céu deserto,
nem louvaremos jogos melhores que os Olímpicos.
De lá é lançado o canto afamadíssimo
pela perícia de poetas sábios, para celebrarem
o filho de Crono que chegam à opulenta e bem-aventurada lareira de Hierão (1),
(...)
(1): Cavalo de Hierão.
Píndaro, Ode Olímpica I
A Hierão de Siracusa, vencedor na corrida de cavalos (476 a.C.)
Trad.: Frederico Lourenço.
Téc.mista s/tela, 90x150cm, 1999. Foi exibida numa exposição "Elementos" em 2002+-.
Obra destruída. Apagada com outra pintura.
segunda-feira, 23 de junho de 2008
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maximize
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A pintura reproduzida acima (no segundo fotograma digitalizado) já não existe. Ou antes, existe, mas já depois de se ter virado a chave com o dente para fora, deixando ao mesmo tempo a marca com cola impressa da chave quando esta se encontrava na posição anterior voltada com o dente para dentro.
Mas a primeira reprodução colocada posteriormente neste post já mostra o dente da chave para fora com a marca deixada de quando aquela se encontrava com o dente para dentro.
Em suma, o quadro já não é o mesmo.
Técnica mista, colagem, 80x65cm,2003.
Pintura de Luís Tavares
Colecção do artista.
terça-feira, 17 de junho de 2008
Pedra-ovo
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Pedra-ovo*
Escultura (300/170cm+-) inspirada em pedra com homem-pássaro (Tangata Manu o Make-Make) achada na ilha de Páscoa. Arame, rede de capoeira, lona, areia da praia, vários tipos de areia de construção civil, acrílico, pó de mármore, cimento branco, cimento escuro, cola (resina acrílica), água, etc. Utensílios: ramos, paus, piassabas, vassouras, pêlos de piaçá (piassaba), pincéis novos e velhos, mãos, dedos, panos, etc. 300x150x150 cm +-. Com um lâmpada laranja instalada no seu interior oco visível por uma brecha e alguns orifícios.
Esta obra foi encomendada pela Dra. Manuela Costa, delegada do IPJ (Instituto Português de Juventude) no âmbito de uma exposição sobre os vários Continentes do Globo na mesma instituição.
Algumas peripécias:
Realizada em três tardes e algumas horas de noite. Contou-se com a ajuda prestável de dois auxiliares (PE e XA) para as primeiras operações de montagem de redes e de telas do esqueleto da obra. XA tirou as fotos do processo criativo da obra.
Mais tarde, a escultura foi exposta na "Instalação " intitulada "Elementa" (escultura-pintura-vídeo-objectos) no edifício do Banco de Portugal em Leiria (2002) na "Bienal Ambientarte" (Leiria, 2002). Foi a única obra exposta em interior, embora a Bienal consistisse em arte ao ar livre e pública. As razões desta opção deveram-se ao facto de ser considerada um tanto frágil ou vulnerável no caso de uma eventual intempérie. E como havia a disponibilidade do salão central do citado edifício decidiu-se instalá-la aí. Com música de fundo, em todo o espaço do edifício, do CD de John Zorn, Red Bird. Red Bird (Jim Pugliese, bass drums). Dark River (Carol Emanuel, harp; Jill Jaffee, viola; Erik Friedlander, cello; Jim Pugliese, percussion).
Título do vídeo: Rio. Camera Sony Handy cam ccd-tr 360e
Realização do vídeo: Luís Tavares
Assistência técnica de vídeo: António Mouzinho; IPJ.
Apoio logístico e colaboração:
Colectivo Perve Arte e Multimédia
Delegação Regional de Lisboa do IPJ
Câmara Municipal de Leiria
Edifício do Banco de Portugal (Leiria)
Instalação de Luís Tavares.
Texto apresentado na instalação:
"Pedra-ovo"*
Uma abordagem possível da obra
Esta obra inspira-se num objecto arqueológico originário da ilha de Páscoa. Esse objecto é uma pedra na qual se encontra representada uma figura híbrida com formas humanas e de pássaro. Este símbolo remete-nos para o mito cosmogónico de carácter universal cujo sentido radica na imagem do ovo cósmico ou cosmogónico.
A obra em causa pretende reunir várias visões desse ovo ou 'pedra simbólica', as quais se manifestam na forma como foi realizada e interpretada.
Alguns elementos constituintes desta interpretação consistem precisamente no orgânico e no inorgânico, respectivamente na aparência que a escultura ganhou resultante da utilização de tecido, o qual em certas zonas da superfície da obra deixou relevos que sugerem pregas e rugas como se fosse pele, e na utilização de areias e terras várias que, ao sedimentarem, fazem alusão à rocha e à pedra, ou seja, ao mineral, ao geológico. Trata-se portanto duma criação plástica livre duma obra antiga que já por si é alegoria.
Outros elementos que se pretenderam pôr em jogo foram o 'cheio' e o 'vazio', o 'leve' e o 'pesado', o 'sólido' e 'gasoso', o 'maciço' e o 'oco', o 'duro' e o 'flexível', o 'terreno' e o 'aéreo'...
Deste modo, a obra enquanto símbolo do ovo cosmogónico é um trabalho que, enquanto tal, aponta para a cosmovisão onde radica o sentido da envolvência do mundo como 'meio ambiente' mais "global" que poderemos considerar.
De certa maneira este símbolo representa algo no qual vivemos e habita em nós. Daí que nessa "pedra-ovo" ou espaço vital habite um "homem-pássaro", o qual, por sua vez, protege na sua grande "mão-asa" um outro ovo ou pedra.
Se a obra é inspirada num objecto arqueológico, isso vai ao encontro da perspectiva inter-cultural, bem como transtemporal do diálogo dos mitos e da quebra de fronteiras rígidas entre leituras científicas e míticas. Basta lembrar que o símbolo do 'ovo' nas cosmogonias compreende múltiplas culturas e mitos. Desde a arte pré-histórica das cavernas com seu simbolismo da interioridade da 'terra-mater' ancestral, passando pelos mitos antiquíssimos órficos, pelos continentes, oceanos, até à teoria do "Big-Bang" nos nossos dias, que, segundo alguns tem analogias com esse arquétipo.
Assim, pretende-se não só uma ecologia do nosso tempo que é bem precisa, mas também uma ecologia do tempo e dos tempos, nos quais o humano habita e deseja habitar. Um espaço que desejamos recriar como a grande casa (do grego 'oikos', donde deriva 'eco-logia') que todos habitamos e protegemos na enigmática comunicação interior/exterior.
*Texto apresentado na instalação
Luís de Barreiros Tavares
2002
Pequena nota para o visitante da Instalação:
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É favor tocar
Qualquer pessoa pode tocar na escultura, passar-lhe a mão sentindo a sua textura. baloiçá-la levemente e espreitar para o seu interior, iluminado por uma lâmpada laranja, através de alguns orifícios.
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