quarta-feira, 10 de setembro de 2008




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Potei on a boat
By Hakuin Ekaku














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Uma claridade na manhã!
rumor do orvalho
gotejando nos bambus


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Buson

terça-feira, 9 de setembro de 2008

And how does one practise Zen?

"Now I would like to talk about our Zazen posture. When you sit in the full lotus
position, your left foot is on your right thigh and your right foot is on your left thigh.
When we cross our legs like this, even though we have a right leg and a left leg, they have become one. This is the most important teaching: not two, and not one. Our body and mind are not two and not one. If you think your body and mind are two, that is wrong; if you think that they are one, it is also wrong. Our body and mind are both two and one. We usually think that
if something is not one, it is more than one; if it is not singular, it is plural. But in actual experience, our life is not only plural, but also singular. Each one of us is both dependent and independent.

After some years we will die. If we just think that it is the end of our life, this will be the wrong understanding. But, onthe other hand, if we think that we do not die, this is also wrong. We die, and we do not die. This is the right understanding. Some people may say that our mind or soul exists forever, and it is only our physical body wich dies. But this is not exattly right, because both mind and body have their end. But at the same time it is also true that they exist eternally.

And even though we say mind and body, they are actually two sides of one coin. This is the right understanding. So when we take this posture it symbolizes this truth. When I have the left foot on the right side of my body, and the right foot on the left side of my body, I do not no know which is which. So either may be the left or the right side."



Suzuki goes on to explain that sitting with the spine straight, ears and shoulders in one line, and chin tucked in as though 'supporting the sky with your head', is to enter the proper Buddhist state of being - the body and mind right here : nothing to seek, nothing to attain, simply being where you are, in the moment:
" These forms are not the means of obtaining the right state of mind. To take this posture is itself to have the right state of mind. There is no need to obtain some special state of mind.
The most important thing is to own your own physical body. If you slump, you will lose yourself. Your mind will be wandering about somewhere else; you will not be in your body. This is not the way. We must have your own body and mind. Everything should exist in the right place, in the right way. Then there is no problem. If the microphone I use when I speak exists somewhere else, it not serve its purpose. When we have our body and mind in order, everything else will exist in the right place, in the right way."


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Shunryu Suzuki

Trechos transcritos do livro de Anne Bancroft: Zen, Direct pointing to reality, p.26.
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Shunryu Suzuki
" Un dia, el maestro (Lin Chi) apareció entre sus discípulos y dijo:
"Por fuera de vuestra pesada masa de carne rojiza, hay un
hombre verdadero sin rango alguno, que entra y sale sin cesar
por las puertas de vuestro rostro (es decir, a través de vuestros
órganos sensoriales). Si aún no le habéis encontrado, aga
rradle!, agarradle aquí, ahora mismo!"
Un monje se adelantó y dijo: "De qué especie es ese hombre verdadero?"
El maestro se bajó de la banqueta que ocupaba, atenazó al monje y le instó a gritos: "Dímelo, dímelo!"
El monje dudó un instante.
El maestro le soltó y dijo: "Bah! Qué inútil raspador de
costras es vuestro hombre verdadero sin rango alguno!"
Y se volvió en silencio a su celda."


Do livro: Toshihiko Izutsu, El Kôan Zen (Op.cit)

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O carácter 'yi' em Pinyin, alfabeto do chinês oficial.

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O carácter 'yi' que significa 'ideia'. Carácter e texto recolhidos de uma edição do Díário de Notícias. Após algumas consultas no terreno a chineses (três) radicados em Portugal e respondendo em português, chama-se a atenção para algumas rectificações e acrescentos relativamente ao texto em português do DN que acompanha o carácter 'yi': 1. Trata-se de três caracteres e não de dois. 2. O de cima representa uma 'pessoa' (ou "é uma pessoa", nas palavras de um inquirido - ou significa uma pessoa?), por exemplo em pé (segundo um inquirido) ou a andar (sugerido por outro), e, portanto, não só 'som'. 3. O do meio representa o 'sol' ("é o sol"). 4. O de baixo representa o 'coração' (é "o coração"). 5. A versão de yi no DN " As ideias são o som do coração" é possível, entre outras - segundo um inquirido - tendo-se supostamente em conta as conjugações (e contextos?) com outros caracteres. 6. Mas também pode e deve ser conjugada com outros caracteres, segundo as palavras de outro inquirido. (L.B.T.) em 3/4/2011.*

*Nota bene: o autor deste blog não entende nada de chinês.


Ver conferência de Fernando Belo:

http://chinespensasemalfabeto.blogspot.com/


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Xuwan, ou 'pulso vazio'.

desenho digital à "mão esquerda".
Drawing by Luís Tavares. 9/2008.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

" O Zen é, na sua essência, a arte de ver na natureza do seu ser; ele indica a via que conduz da escravidão à liberdade. Fazendo-nos beber directamente na fonte de vida, ele libera-nos de todos os jugos sob os quais, criaturas limitadas, sofremos constantemente. Poderemos dizer que o Zen liberta todas as energias acumuladas normalmente e naturalmente em cada um de nós, e que, nas circunstâncias vulgares, são contraídas e deformadas ao ponto de não se poder encontrar uma via que lhes permita agir. O nosso corpo pode ser comparado a uma pilha eléctrica onde reside, em estado latente, um misterioso poder. Quando este poder não é posto em acção como convém, ou bem o mofo o invade e ele resseca, ou bem ele se perverte e se exprime de uma maneira anormal. O objectivo do Zen é, assim, o de nos salvar da loucura e da paralisia. O Zen deseja que abramos um "terceiro olho", segundo a expressão budista, sobre este espaço que jamais havíamos imaginado e para o qual a nossa própria ignorância nos havia fechado."


Na contracapa do livro: D.T. Suzuki, Essais sur le Bouddhisme Zen, premiére série.
Trad. LBT.
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Daisetz Teitaru Suzuki

Foto: http://scottshaw.com/buddha/

domingo, 7 de setembro de 2008

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Estudo de 'botas de camponesa' de Van Gogh
Acrílico sobre tela sintética colada em tábua, 25x35cm +-.
Pintura de Luís de Barreiros Tavares
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Na escura abertura do interior gasto dos sapatos, fita-nos a dificuldade e o cansaço dos passos do trabalhador. Na gravidade rude e sólida dos sapatos está retida a tenacidade do lento caminhar pelos sulcos que se estendem até longe, sempre iguais, pelo campo, sobre o qual sopra um vento agreste. No couro, está a humidade e a fertilidade do solo. Sob as solas, insinua-se a solidão do caminho do campo, pela noite que cai. No apetrecho para calçar impera o apelo calado da terra, a sua muda oferta do trigo que amadurec e a sua inexplicável recusa na desolada improdutividade do campo no Inverno. Por este apetrecho passa o calado temor pela segurança do pão, a silenciosa alegria de vencer uma vez mais a miséria, a angústia do nascimento iminente e o tremor ante a ameaça da morte. Este apetrecho pertence à terra e está abrigado no mundo da camponesa. É partir desta abrigada pertença que o próprio produto surge para o seu repousar-em-si-mesmo.

Martin Heidegger, A Origem da Obra de Arte, trad. M. Conceição Costa, Ed. 70, 1992, p.25.

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"O Apelo da Terra", mixed midea on canvas, 100x100cm, 2000.
Esta obra foi exposta na bienal da festa do Avante (2001).
Col. Aut.
Un moine vint trouver Chou-chan et lui demanda:
« Je vous en prie, jouer-moi une air sur une harpe sans cordes.»
Le maître resta silencieux un bref instant et lui dit:
L'entends-tu? - Non, je ne l'entends pas. - Et pourquoi, dit le maître, ne l'as-tu pas demandé plus fort?»






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Do livro:
Suzuki, D.T., Essais Sur le Bouddhisme Zen, premiére série, p.351.